sexta-feira, 4 de abril de 2014

Ela, vazia.



      Estava ela ali, sentada, com o cabelo bagunçado, vendo a vida passar. Olhava triste, no meio da multidão, mas se sentia vazia. Vazia de sentimentos. Oca. Olhava tudo, mas não enxergava nada. Via um homem de terno com passos rápidos e largos, um grupo de meninas conversando sobre Beatles, um casal de namorados que andava em sincronia e até mesmo uma garota que esboçava um sorriso ao ler algo em seu celular, via mãe, filha, polícia, carros...Via tudo. Todos ali pareciam cheios. Cheios de pressa, de vida, de felicidade. Menos ela que parecia frágil. Era frágil. Levantou do meio-fio e foi caminhando lentamente pela praia. Medo, dor, ela não sentia nada. Simplesmente deixou de se conhecer. Alguém roubou tudo que ela deveria sentir. Um amor? Um amigo? Quem sabe até um estranho, mas isso meu caro, nunca saberei. Seguiu seu caminho em passos fundos pela areia, já não sabia mais onde estava indo. Fugia dos meus olhos que a observavam com um olhar triste. Perdi de vista. Mas sei que fugiu, e aquela menina do cabelo bagunçado, ninguém nunca mais ouviu falar...

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Turbulência





Paixões iam e vinham rápido demais. Sempre fui muito intensa. Gosto demais, me entrego demais, e recebo de menos. A verdade é que isso nunca me importou, ganho só pelo fato de estar me doando ao outro. Me machuquei, chorei, senti. Tudo em silêncio. Finjo não me importar com o que me magoa, acredito que jogar para debaixo do tapete aquilo que machuca, faz com que eu sofra menos. Amo em um dia, no outro desamo, ou tento me conformar com o desamor. Vivo em um ioiô de sentimentos. Quando se gosta o sorriso fica mais bonito, o olhar ganha um brilho, tudo vai ganhando forma. A vida fica colorida. Colorido esse que se perde quando o amor vai embora. Sinceramente, não gosto de viver em preto e branco. Gosto da sensação do coração disparando a cada encontro, do aperto no peito de ansiedade. Gosto dessa explosão de sentimento. De amar como se não tivesse amanhã. O amor não é pra doer, quando dói, não é mais amor. Insistir em algo que já acabou é retroceder, estagnar. Amor é pra ser bom. Se for pra sofrer é melhor desamar, partir pra outra, ir em frente e não olhar pra trás. A vida se renova. Quer saber? Ali na frente encontra-se um outro amor, quem sabe comprando pão às 7 da manhã de um sábado chuvoso. Porque a vida é assim. Quando a gente menos espera aparece a cor que faltava no arco-íris.